Olá, imparável. Salve Maria. Tudo bem?
Você provavelmente já ouviu a frase “Se Deus quiser...”.
Mas, com frequência, ela aparece adaptada: “Se Deus quiser... e Ele quer” ou “Se Deus quiser... e Ele há de querer”. Essa forma “positiva” de pensar costuma ser uma forma de pedir e tentar atrair uma benção, a realização de um pedido.
Só que é preciso estar atento a esse “otimismo”. Muitas vezes, ele mascara o verdadeiro desejo de seguir a vontade de Deus, “pois todos procuram o próprio interesse, e não o de Jesus Cristo” (Fl 2, 21). A vontade de Deus pode não estar alinhada aos nossos desejos e é preciso aceitá-la.
“JESUS: Filho, dize assim em todas as coisas: Senhor, se for do vosso agrado, faça-se isto assim. Senhor, se for para vossa honra, suceda isto em vosso nome. Senhor, se vos parecer que me é proveitosa e útil tal coisa, concedei-ma para que dela use para vossa glória; mas, se conheceis que me seria nociva e sem proveito para minha salvação, tirai-me tal desejo; porque nem todo desejo procede do Espírito Santo, ainda que nos pareça bom e justo.” (Imitação de Cristo, Tomás de Kempis.)
Há ainda quem, movido por essa lógica distorcida, transforme o mal em aparência de bem — convencido de que tudo o que deseja é, automaticamente, parte dos planos de Deus. “Ai dos que chamam de bem ao mal e de mal ao bem, que têm as trevas como luz e a luz como trevas, que têm o amargo como doce e o doce como amargo!” (Is 5,20)
Imagine, por exemplo, alguém que deseja entrar com um processo contra alguém alegando que quer justiça, mas o faz por vingança. E ainda pensa: “vou ganhar essa ação se Deus quiser... e Ele quer”.
Não cabe a nós tentarmos controlar a vontade de Deus.
“Nem todo aquele que me diz 'Senhor, Senhor' entrará no Reino dos Céus, mas sim aquele que pratica a vontade de meu Pai que está nos céus.” (Mt 7,21)
Que seja sempre feita a vontade de Deus. E por isso, é preciso estar preparado, porque quando a vontade de Deus não está em sintonia com a nossa, aí começa a verdadeira batalha.
Que seja sempre feita a vontade de Deus.
Em Liderar é simples (mas não é fácil), o Almirante William McRaven, que chegou ao posto mais alto da elite da marinha americana, relata ter analisado dez missões célebres na história das Operações Especiais.
A única certeza numa guerra é o encontro com o inimigo, mas nada depois pode ser previsto. Por isso, a importância de se ter um “Plano B”. Nas semanas que antecedem uma operação, todas as situações possíveis são repassadas, supondo que as coisas possam dar errado.
São Bernardo de Claraval (Saint Bernard of Clairvaux Collection) foi o pregador oficial da Segunda Cruzada. Ele convocou os “bravos homens” e “servos da Cruz”, incentivando-os a se levantarem em defesa da fé. Mas aconteceu o inesperado: a cruzada fracassou. Para São Bernardo, a causa era justa; entretanto, foi a falta de preparo espiritual e os pecados dos próprios cruzados que levaram à derrota.
Assim, como empreendedores católicos, devemos buscar não só nos preparar para as diferentes situações que podemos enfrentar, como explica o Almirante William, mas também nos preparar espiritualmente, como destaca São Bernardo de Claraval.
São Josemaria Escrivá (Caminho) nos ensina a refletir antes de começar qualquer tarefa: “– O que Deus quer de mim neste assunto?”
Devemos perguntar: “– Tu o queres, Senhor?” Essa pergunta expressa nosso ato de identificação da Vontade de Deus. E, entendendo que sim, responda: “– Eu também o quero!” E então, com a graça divina, agir.
Padre Réginald Garrigou-Lagrange (As três idades da vida interior) ensina que há graças que só podem ser obtidas pela oração. Essas graças podem ser, por exemplo, uma “iluminação interior”, de inspiração, uma atração, consolação ou mesmo fortaleza — aquela que “nos permite, na aridez, suportar e esperar”.
Podemos nem perceber que recebemos essa graça. A oração pode ser como uma luneta: ela permite ao empreendedor, por exemplo, enxergar uma oportunidade que, pela graça, se torna visível com clareza.
Para o Almirante William, um bom processo requer:
Revisar o plano;
Elaborar alternativas;
Certificar-se de ter o necessário para executar as alternativas;
Ter cuidado com a falsa sensação de segurança de que determinados eventos não acontecerão, ou de que o que foi planejado é suficiente.
Segundo o próprio Almirante, é preciso considerar o pior cenário possível. Se for viável, teste o plano. E esteja preparado.
Busque sempre, de forma verdadeira, a vontade de Deus.
Conclusão
Muitos falam: “Se Deus quiser... e Ele quer”, como se isso resolvesse dúvidas. No entanto, Deus nem sempre é previsível.
O que Ele tem para nós pode não ser claro agora. Por isso, devemos nos preparar de várias formas. Isso inclui o plano humano e o invisível, que é a preparação espiritual.
Rezar. Confessar. Acolher a graça. Identificar oportunidades. Planejar com sabedoria.
Com Deus, não se trata de negociação. Trata-se de aceitar e se preparar. Lembremos de nossa mãezinha. “Disse, então, Maria: 'Eu sou a serva do Senhor; faça-se em mim segundo tua palavra!' E o Anjo a deixou.” (Lc 1,38)
Que a paz de Jesus te ajude a seguir a vontade Dele, e o amor de Maria te fortaleça para cumpri-la. 💙
Nos vemos no próximo sábado!
Forte abraço!